quarta-feira, agosto 15, 2012


Sabe aquela sensação ...

de que tudo e todos que você conhece, se relaciona ou já se relacionaram em algum momento no tempo espaço? Todos os nossos laços afetivos estão interligados aos
de outras pessoas com nós tão apertados que são impossíveis de se soltar. Um dia você conhece alguém e puff, de alguma forma aquela pessoa já conhecia alguém que você conhecia. Vocês sem saberem já frequentaram os mesmo espaços, sorriram pelos mesmos motivos, choraram também. A vida é como um bordado, muito bem elaborado, no qual ponto algum fica sem nó, e sozinhos os pontos não fazem sentido, mas se vistos juntos, formam uma imagem tão bela que você até esquecera que um dia aquela imagem não fizera sentido. Assim, com a mesma delicadeza, e a mesma falta de sentido inicial são formados os laços humanos. Alguns com pontos tão fortes que mesmo desfeitos marcam o tecido de forma definitiva, outros tão fracos que um dia você esquecera que houvera um ponto ali. As coisas são assim, acontecem e não acontecem, existem se existir. Quantas vezes você acreditou que houvera um ponto ali e na verdade, nunca houvera ponto algum. A vida não faz sentido, é um emaranhado de nós, pontos, fios e pontas soltas.Algumas pessoas fazem o papel da agulha, compondo esses pontos, ajudando a criar essa imagem que é o que nós somos, são as referencias que um dia tivemos para criar a imagem que hoje somos. Mas as agulhas se trocam, outras referências chegam e muitas se vão, as pessoas passam, poucas ficam. Mas todas elas deixam sua marca, ajudam a nos compor.
E agora me perguntam, quando esse bordado termina? Quando nós estamos tão completos a ponto de não caber mais nenhum um novo laço? Eu respondo, nunca. Nunca terminamos, somos sempre um esboço incompleto, nunca seremos cheios, somos rascunho, somos inacabados. E por isso eu te peço, prestem atenção, não esperem que um dia irá chegar alguém e de repente, como por um passe de magica, você irá estar completo, isso não acontecerá, nenhuma pessoa tem esse poder, te completar o vazio, pois ela mesma, é um projeto inacabado. Tente por si só se completar, mesmo sabendo que nunca irá, porque é esse o gostoso da vida, saber que nunca iremos acabar, saber que sempre teremos algo a fazer, saber que somos incompletos e que nunca nos completaremos, porque o gostoso é a busca, é a vontade, é o desejo. Seja incompleto e não seja feliz, felicidade é algo que nos ludibria, seja infeliz e incompleto, e assim, procure sempre por aquilo que te completa, por aquilo que te fará feliz, porque como eu disse e repito, o melhor da felicidade, o melhor de ser completo, é correr atrás dela. É o desafio que nos move, tecendo ponto por ponto, nó por nó, para que no dia que o tecido puir o bordado já esteja completo.

- Ana Carolina Araújo




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1 comentários:

Fábio Murilo disse...

E como diz o Mestre Caetano:

O QUERERES

Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock?n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim.

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